Banco do Brasil ainda vê inadimplência resiliente no agro, mas projeta estabilização no 4º trimestre
24/09/2025
(Foto: Reprodução) É #FAKE formulário em site para concurso do Banco do Brasil
O Banco do Brasil ainda registra uma inadimplência persistente no crédito voltado ao agronegócio, afirmou a presidente-executiva, Tarciana Medeiros, nesta quarta-feira (24). Ela destacou, no entanto, que há expectativa de redução nos índices, diante de medidas adotadas para reduzir riscos e melhorar os resultados.
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"Estamos observando essa inadimplência resiliente agora, mas com algumas notícias muito boas... com previsão de arrefecimento e de controle do crescimento dessa inadimplência", afirmou em evento do banco em Nova York.
No fim de junho, a inadimplência no setor atingiu 3,49%, ante 1,32% no mesmo período do ano anterior.
O vice-presidente de gestão financeira do Banco do Brasil, Geovanne Tobias, afirmou que a carteira de crédito, especialmente no agronegócio, continua apresentando sinais de deterioração. Segundo ele, o desempenho do terceiro trimestre deve repetir o padrão observado no segundo.
"Os números do terceiro trimestre tendem a ser semelhantes aos do segundo, mas, a partir do quarto trimestre, esperamos uma estabilização da inadimplência na carteira do agronegócio", acrescentou, citando medidas regulatórias e governamentais anunciadas recentemente como parte do apoio para essa visão.
Às 13h31, as ações do BB subiam 0,4%, negociadas a R$ 22,21. No mesmo momento, o Ibovespa registrava queda de 0,2%.
"Banco do agro"
Tarciana reafirmou que o BB é e continuará sendo o “banco do agro”, destacando o esforço na seleção criteriosa de crédito para o setor e também para outras áreas.
Segundo ela, a estratégia para este ano e para 2026 foca na concessão de recursos controlados, com atenção especial à recuperação e recomposição da capacidade de pagamento dos produtores.
“Vamos atuar com recursos controlados, mas também apoiar nossos clientes na renegociação de dívidas e na recuperação da saúde financeira.”
A presidente do BB também mencionou o uso da alienação fiduciária como garantia, sem deixar de lado outras formas de proteção, destacando o conhecimento sobre os clientes e o modelo de atuação que permitiu construir uma carteira de R$ 405 bilhões no setor rural.
Atualmente, esse tipo de garantia representa metade das novas operações com produtores rurais.
"No agro, por exemplo, eu continuo desembolsando, mas eu troco a minha garantia por uma garantia reconhecidamente mais robusta", afirmou o vice-presidente de controles internos e gestão de riscos do BB, Felipe Prince.
A executiva também ressaltou que o BB diminuiu o ritmo de concessão de crédito aos produtores rurais nesta safra, ao mesmo tempo em que intensificou os processos de cobrança, como parte da estratégia para enfrentar a inadimplência no setor. “Esse movimento de recuperação já está bem avançado.”
A apresentação do BB divulgada mais cedo no evento mostrou que o banco aumentou o percentual de desembolsos vinculados a garantia real de imóvel no setor agro, passando de 31% na safra 2024/2025 para 60% na safra 2025/2026.
Ajuste
Tarciana reforçou que 2025 tem sido um dos anos mais desafiadores da trajetória do BB. “É um período de ajustes para preparar o banco para crescer com solidez”, afirmou durante apresentação a analistas e investidores em Nova York.
A presidente do BB explicou que o banco está promovendo um ajuste estratégico em toda a operação, com foco na redução de riscos. “Temos uma nova matriz de resiliência, e toda concessão de crédito, em qualquer área, passa por ela... Fizemos uma revisão completa dos nossos processos de cobrança, o que trouxe resultados significativos.”
Segundo a executiva, o BB tem percebido “alta qualidade” nas concessões de crédito realizadas para a safra de 2025.
Ela também destacou o uso intensivo de inteligência artificial no processo de concessão de crédito e reafirmou que o banco intensificou sua atuação judicial nas cobranças, como forma de garantir a sustentabilidade das operações.
Tarciana Medeiros, presidente do Banco do Brasil
Dani Fechine/g1