China sinaliza que compra de soja dos EUA depende da remoção de tarifas 'irracionais'
25/09/2025
(Foto: Reprodução) Agricultores colhem soja
REUTERS/Enrique Marcarian
Ao ser questionado se a China compraria soja norte-americana, o porta-voz do Ministério do Comércio chinês, He Yadong, disse que os EUA precisam remover as "tarifas irracionais" e criar condições para expandir o comércio bilateral.
A declaração aconteceu durante uma coletiva de imprensa e foi divulgada pela Reuters nesta quinta-feira (25).
A China, maior compradora de soja do mundo, ainda não reservou nenhuma carga de soja dos EUA da safra de outono, optando pelo fornecimento da América do Sul, segundo a Reuters.
As tensões comerciais não resolvidas podem fazer com que os agricultores americanos percam bilhões de dólares em vendas.
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Na segunda-feira, o negociador sênior de comércio da China, Li Chenggang, reuniu-se com líderes políticos e empresariais do Meio-Oeste dos EUA, onde a maioria da soja norte-americana é colhida.
O encontro, segundo a Reuters, sinaliza que a segunda maior economia do mundo poderia comprar alguns grãos de soja dos EUA antes de negociações comerciais mais abrangentes.
No entanto, a discordância em relação aos detalhes técnicos parece estar complicando as negociações. Autoridades comerciais da China e dos EUA devem se reunir novamente.
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Produtores de soja enfrentam perdas após a China suspender as compras do grão em meio à disputa comercial. O país asiático deixou de reservar importações da safra de setembro a janeiro, o que pode causar prejuízos de bilhões de dólares.
Enquanto isso, o país asiático aumentou as compras de soja brasileira para atender a demanda interna.
Em agosto, a Associação Americana de Soja alertou Trump, em carta, que o setor está "à beira de um precipício comercial e financeiro".
"Os produtores de soja dos EUA não podem sobreviver a uma disputa comercial prolongada com nosso maior cliente”, afirmou o presidente da associação, Caleb Ragland.
Na Dakota do Norte, os produtores Josh e Jordan Gackle disseram ao New York Times que terão perda de US$ 400 mil neste ano em sua fazenda de 930 hectares, devido à suspensão das compras chinesas.
Segundo o jornal, antes das tarifas de Trump, mais de 70% da soja produzida na Dakota do Norte era exportada para a China.
“Tudo isso é desnecessário. Os EUA não foram forçados a entrar nessa situação por ninguém”, disse Jordan Gackle ao New York Times.
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