Dólar sobe a R$ 5,32 com cautela sobre juros nos EUA; Ibovespa tem leve alta e renova recorde
24/09/2025
(Foto: Reprodução) Na ONU Lula e Trump fizeram discursos divergentes, mas surgiu o primeiro sinal de um possível diálogo entre os dois
O dólar fechou em alta de 0,90% nesta quarta-feira (24), cotado a R$ 5,3268, em linha com o exterior. O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, avançou 0,05%, aos 146.492 pontos, renovando seu recorde, em resultado foi puxado pela alta de 2,55% nas ações da Petrobras.
O avanço da moeda americana reflete a cautela dos investidores após declarações do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell. Na véspera, ele disse que ainda não há garantia de cortes nos juros na próxima reunião — cenário que reduz o apetite por risco e fortalece a moeda norte-americana.
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▶️ Ontem, o mercado também reagiu ao discurso do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na ONU. O republicano disse ter tido "química" com o presidente Lula e que os dois deverão se encontrar na próxima semana. O comentário contribuiu para a queda do dólar na véspera, que fechou a R$ 5,27, e para a alta do Ibovespa, que atingiu um novo recorde.
▶️ Nos EUA, os mercados esperam pelo discurso de Mary Daly, integrante do comitê de política monetária do Federal Reserve de São Francisco, previsto para o fim do dia. A expectativa surge após declarações cautelosas de outros dirigentes do banco central americano, que levantaram dúvidas sobre futuros cortes nos juros.
Veja a seguir como esses fatores influenciam o mercado.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
💲Dólar
a
Acumulado da semana: +0,12%;
Acumulado do mês: -1,75%;
Acumulado do ano: -13,80%.
📈Ibovespa
Acumulado da semana: +0,43%;
Acumulado do mês: +3,58%;
Acumulado do ano: +21,79%.
Trump promete encontro com Lula
O presidente Donald Trump afirmou na terça-feira (23), em discurso na Assembleia Geral da ONU, que se reunirá na próxima semana com o presidente Lula para discutir as retaliações que Washington tem imposto ao Brasil.
No discurso, o republicano declarou ter tido “uma química excelente” com o presidente brasileiro, “que pareceu um cara muito agradável”.
"Eu estava entrando (no plenário da ONU), e o líder do Brasil estava saindo. Eu o vi, ele me viu, e nos abraçamos. Na verdade, concordamos que nos encontraríamos na semana que vem", disse Trump. "Não tivemos muito tempo para conversar, tipo uns 20 segundos.
E Trump seguiu com os elogios ao presidente brasileiro. "Ele parece um cara muito legal, ele gosta de mim e eu gostei dele. E eu só faço negócio com gente de quem eu gosto. Quando não gosto deles, eu não faço. Quando eu não gosto, eu não gosto."
Fontes do governo brasileiro confirmaram a reunião entre Trump e Lula para a próxima semana, mas não informaram se será presencial ou por telefone.
Segundo Patrick Buss, operador da Manchester Investimentos, o mercado reagiu positivamente às sinalizações.
“Interpretando a possibilidade de maior aproximação entre Brasil e Estados Unidos como um fator positivo para as relações internacionais e para os ativos locais — reflexo disso foi a alta do Ibovespa, que avançou mais de 1% no pregão após a divulgação das notícias.”
Falas de Powell
Ontem, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmou que o banco central enfrenta uma situação delicada: a inflação continua elevada, enquanto o mercado de trabalho dá sinais de fraqueza.
"Os riscos de curto prazo para a inflação estão inclinados para cima e os riscos para o emprego, para baixo — uma situação desafiadora", disse.
Powell destacou que a criação de empregos caiu para uma média de 25 mil nos últimos três meses, abaixo do necessário para manter o desemprego estável, embora outros indicadores do mercado de trabalho sigam firmes.
Já a inflação continua acima da meta, pressionada pelas tarifas de Trump, que encarecem os preços.
O Fed projeta novos cortes de 0,25 ponto em outubro e dezembro, mas enfrenta divergências internas: alguns dirigentes defendem cautela diante do risco inflacionário, enquanto outros pedem reduções mais rápidas para proteger o emprego.
Bolsas globais
Os índices de Wall Street encerraram o dia em queda, com os investidores ainda cautelosos após os comentários de Jerome Powell. Além disso, o mercado aguarda novos dados econômicos dos EUA, que serão divulgados nesta quinta-feira.
O índice Dow Jones recuou 0,37%, alcançando 46.121 pontos. O S&P 500 caiu 0,28%, aos 6.637 pontos, enquanto o Nasdaq, que reúne empresas de tecnologia, teve perdas de 0,34%, chegando a 22.497 pontos.
As bolsas na Europa fecharam mistas, mesmo com o bom desempenho de empresas do setor de defesa. A movimentação foi impulsionada por declarações do presidente dos EUA, Donald Trump, que afirmou que a Ucrânia tem condições de recuperar os territórios ocupados pela Rússia.
No fechamento, o STOXX 600 recuou 0,14%, e o CAC 40, em Paris, teve baixa de 0,57%. No Reino Unido, o FTSE 100 avançou 0,29%, enquanto o DAX, da Alemanha, subiu 0,23%.
Por fim, os mercados asiáticos fecharam majoritariamente em alta, com destaque para as bolsas da China e de Hong Kong, que foram impulsionadas por ganhos no setor de tecnologia e por sinais de melhora nas relações comerciais com os EUA.
Na China, o índice de Xangai subiu 0,83%, enquanto o CSI300 avançou 1,02%. Em Hong Kong, o Hang Seng teve alta de 1,37%. Já em Tóquio, o Nikkei subiu 0,30%.
Por outro lado, o índice Kospi, da Coreia do Sul, caiu 0,40%; o Taiex, de Taiwan, recuou 0,19%; o Straits Times, de Cingapura, perdeu 0,37%; e o S&P/ASX 200, da Austrália, caiu 0,92%.
Cotação do dólar mostra menor confiança na economia brasileira devido a gastos e dívidas do governo
Jornal Nacional/ Reprodução